Participantes do CRB estudam questão agrária no país em assentamento do MST – SINSERPU-JF marcou presença
Os participantes do Curso de Realidade Brasileira/CRB tiveram, neste sábado (13 de setembro), uma experiência única: estudar a questão agrária no Brasil in loco, em um assentamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra). Eles saíram de Juiz de Fora nas primeiras horas da manhã e passaram todo o dia na zona Rural da vizinha cidade de Goianá, no Dênis Gonçalves – uma das mais famosas e bem sucedidas ocupações do MST. As atividades contaram com a presença do diretor de Base do SINSERPU-JF, Cláudio Dias, que representa o sindicato na organização e nos estudos do CRB. “Conhecemos a força e a riqueza desse espaço como exemplo vivo da Reforma Agrária Popular. Tivemos contato com o conhecimento, a prática e a organização do MST, que expressam novas formas de pensar nossas relações sociais e ambientais, em contraposição ao modelo predatório do capitalismo, A antiga Fazenda Santana carrega a memória da exploração de corpos escravizados na produção de café e açúcar desde o período colonial. Hoje, transformada pela luta, é um território de produção agroecológica, que gera vida, solidariedade de classe e alimento saudável”, registrou o sindicalista.
Após a visita a locais estratégicos do assentamento, os estudos teóricos foram aprofundados. “Nos debates, refletimos sobre a necessidade de fortalecer as lutas no campo e na cidade, reconhecendo o papel histórico do MST e as alternativas reais que ele apresenta para o Brasil. A agroecologia, nesse sentido, se coloca como prática concreta de resistência e solidariedade ao povo brasileiro”, avaliou Cláudio Dias.
Antes, Cláudio Dias, no grupo específico, ajudou a conduzir a “mística” deste terceiro módulo do CRB, com um lema imperativo: A terra não é sua, a terra é nossa! resistir, ocupar e produzir. “A Lei de Terras foi criada, E a terra logo foi cercada. O latifúndio enriqueceu, com um trabalho que não era seu/O povo escravizado, explorado, calado, viu seu sangue virar ouro acumulado. O açoite parou, mas a fome ficou, Sem terra, sem teto, o povo chorou/A liberdade sem chão… É corrente em outra prisão/Mas a terra chama, e o povo escutou, Da dor veio a luta, a semente brotou. A terra não é coisa pra se vender, É vida, é direito, é o nosso viver! Se o latifúndio tenta nos conter, O povo unido vai responder/Queremos terra pra viver, com comida pra crescer. Que a terra nos dê o pão, E a luta una o povão/Cada pedaço conquistado, É raiz de união no chão/Raiz que cresce no chão, com união e dedicação. Assim nasce um tempo de esperança, de força e perseverança”.
“Encerramos o encontro renovados pela esperança na luta, reafirmando a importância de preservar nossa história e reconhecer as resistências vivas em nossos territórios”, concluiu Cláudio Dias, que fez questão de registrar que a participação nas atividades do MST-Zona da Mata, das companheiras Michelle e Elis e da professora Mônica Grossi.
O próximo Módulo do CRB, também com o apoio do SINSERPU-JF, sobre “Questão Mineral no Brasil e Geopolítica”, está agendado para os dias 3 e 4 de outubro.